Em sua 231ª reunião, o COPOM anunciou novo corte de 0.75% da taxa básica de juros, renovando o recorde histórico da SELIC em 2.25%. A magnitude do corte foi em linha com nossa expectativa e a precificação do mercado.
Em termos de projeções, o comunicado indica que o cenário com taxa de juros extraída do boletim Focus e câmbio constante a USDBRL 4.95 (híbrido), o IPCA ficará em 2% este ano e 3.2% em 2021. Ambas as projeções estão abaixo do indicado na reunião anterior e, mais relevante, abaixo da meta para os respectivos períodos.
Vale lembrar que esta trajetória supõe juros finalizando 2020 em 2.25% (patamar atual) e subindo para 3% no ano que vem. Considerando-se somente este elemento, ficaria evidente que há espaço para mais ajustes da SELIC.
O comitê adicionou ao seu balanço de riscos para a inflação a possibilidade de que os programas de estímulo implementados em consequência da pandemia podem terminar por provocar uma queda menor da demanda agregada, o que se traduziria em uma trajetória inflacionária acima do esperado atualmente.
Para a projeção à frente, o COPOM deixa a porta aberta para mais estímulos, mas faz a ressalva de que o espaço para novos cortes é “incerto e deve ser pequeno”. Assim, adota postura de atenção aos dados, mencionando que avaliará nas próximas reuniões os impactos tanto da pandemia como das medidas de estímulo adotadas. Considerando-se isto, o próprio comitê entende que “um eventual ajuste futuro no atual grau de estímulo monetário será residual”.
Em suma, o comunicado demonstra de forma clara que o COPOM acredita estar muito próximo ao final do ciclo de cortes da taxa SELIC. Ao mesmo tempo, a linguagem utilizada, as projeções de inflação e as ponderações sobre o cenário levam a crer que há espaço para corte (pequeno) adicional e manutenção da taxa de juros em patamares muito baixos por prolongado período de tempo.
O comunicado vai em linha com nossa projeção. Antevemos o final do ciclo de corte da taxa SELIC em 1.75%, patamar que deve ser atingido ao longo do terceiro trimestre deste ano.
*Por Felipe Sichel é estrategista-chefe do modalmais