A primeira edição do Boletim Salariômetro em 2021 traz um balanço das negociações coletivas do ano passado. O levantamento mostra que houve uma redução no reajuste do salário: em 2020, o índice foi de 3,5%, contra 4%, em 2019. Ao longo de 2020, os trabalhadores conseguiram “empatar” com a inflação, obtendo reajustes iguais ao INPC em 11 datas-base do ano. A exceção ocorreu no mês de dezembro, quando o reajuste ficou 0,9 pontos percentuais abaixo da inflação.
O Boletim registra também o crescimento da presença de benefícios de vida e de saúde nos acordos e convenções coletivas. Por outro lado, houve queda na frequência de contribuições sindicais, bem nas contribuições pagas pelas empresas aos sindicatos de trabalhadores.
Para Helio Zylberstajn, coordenador do Salariômetro e professor sênior da FEA/USP, os números consolidados do ano passado refletem, principalmente, os efeitos da pandemia do novo coronavírus nas relações trabalhistas. “A recessão e o desemprego impediram que os trabalhadores obtivessem ganhos reais nas negociações. Por outro, lado, a Covid-19 trouxe maior preocupação com a saúde, que se traduziu no conteúdo das pautas sindicais. O resultado foi o crescimento da presença de cláusulas de seguro de vida, de planos de saúde, planos odontológicos e convenio farmácia”, explica.
O Salariômetro é um estudo mensal produzido pela Fundação Instituto de Pesquisas (Fipe), que analisa os principais indicadores do mercado de trabalho.