Em agosto, além das preocupações com as consequências econômicas da Covid na economia mundial, o cumprimento do teto dos gastos públicos também passou a tomar conta do cenário. O impacto que a Covid tem causado na economia global continua relevante, principalmente na Europa e nos EUA. Na China, os resultados apresentados já mostram um crescimento da economia com maiores demandas.
Panorama na Europa
Na Zona do Euro, embora os resultados apresentados referentes ao PIB do segundo trimestre relatem com maior exatidão o impacto da pandemia nas economias, como Itália (-12,8%) e Alemanha (-10,1%), o índice PMI (Índice de Gerenciamento de Compras) da região passou de 51,8 de julho para 51,7 pontos em agosto. O resultado teve ligeira queda, mas permanece com boas expectativas de retomada dada a sua pontuação estar maior que 50 pontos. No Reino Unido, este índice foi de 53,3 para 55,3 pontos e na Alemanha subiu para 52,2 pontos. Já o CPI (equivalente a nossa inflação) da Zona do Euro de agosto teve queda de 0,2% e o desemprego de julho subiu para 7,9%. Isso demonstra que a recuperação da economia mundial será lenta.
Panorama nos EUA
O número de novos casos da Covid-19 aumenta de forma significativa nos EUA, principalmente na Califórnia e Flórida. O PIB do segundo trimestre do país caiu 32,9%, sendo o maior da história. O presidente do FED, Jerome Powel, declarou que a retomada da economia será de forma mais lenta. Com isso, informou que manterá taxa de juros em níveis baixos com o objetivo de alcançar a meta inflacionária de 2% anuais. Esta informação pode ser refletida na manutenção do PMI industrial em 51,7 pontos. A taxa de desemprego dos EUA caiu para 10,2% em julho.
Panorama na Ásia
O PMI de serviços subiu pelo sexto mês seguido para 55,2 pontos na Ásia, o que demostra a recuperação da economia local e ofusca o impacto sofrido pela Covid. Já o PMI industrial chinês de agosto atingiu 53,1 pontos, o maior resultado desde 2011.
Cenário Doméstico
No Brasil, em agosto o Ibovespa caiu 3,44%, fechando a 99.369 pontos e o dólar fechou com valorização de 5,19%, sendo cotado a R$ 5,219. A incerteza do mercado continua, mas os pontos focais são o debate da reforma tributária (o que vemos com tom positivo) e o teto de gastos públicos, que continuam no radar e podem comprometer a política fiscal. Caso este limite seja rompido, pode criar uma pressão inflacionária, obrigando o Banco Central a tomar medidas de política monetária contracionista. O Conselho Monetário Nacional aprovou a transferência de R$ 325 bilhões do Banco Central para o Tesouro Nacional oriundos do seu lucro cambial. Este recurso poderá aliviar as pressões fiscais no curto prazo, mas não serão suficientes para o médio e longo prazos dado que o governo tem um grande fluxo de pagamentos nestes períodos.
*Marco Harbich – CFP e Estrategista da Terra Investimentos